Os alvos da operação, segundo os investigadores, haviam descumprido medidas cautelares deliberadamente. Alguns romperam a tornozeleira eletrônica ou mudaram de endereço sem notificar a Justiça, apresentando risco de fuga. Outros, já condenados, não se apresentaram para cumprir suas penas e deixaram o Brasil.
Os 208 mandados de prisão preventiva foram autorizados pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que julga os acusados de participação nos ataques às sedes da Corte, do Congresso e do Palácio do Planalto em 8 de janeiro de 2023. Na ocasião, apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) invadiram e depredaram os prédios dos Poderes em Brasília.
A PF não divulgou a lista completa dos foragidos, mas a identidade de pelo menos dez deles foi revelada após quebrarem a tornozeleira eletrônica e saírem do País.
Entre os condenados que deixaram o Brasil está Ângelo Sotero, músico de 59 anos e morador de Blumenau (SC). Sotero foi condenado pelo STF a 15 anos e seis meses de prisão em novembro do ano passado. Preso durante a invasão do Planalto, ele foi solto em agosto com tornozeleira eletrônica, mas quebrou o equipamento e fugiu para a Argentina há cerca de dois meses.
Outro foragido é o corretor de seguros Gilberto Ackermann, de 50 anos, de Balneário Camboriú (SC). Sentenciado a 16 anos e seis meses de prisão, Ackermann registrou em fotos sua participação nos atos golpistas. Em abril, a 1.ª Vara Criminal de Camboriú notou que sua tornozeleira havia parado de funcionar. A defesa de Ackermann negou saber seu paradeiro, alegando que ele é um preso político e que a condenação é injusta.
Raquel de Souza Lopes, moradora de Joinville (SC), também fugiu para a Argentina em abril. Ela foi condenada a 16 anos e seis meses de prisão, assim como Ackermann. A PF encontrou fotos e vídeos dela dentro do Planalto durante os ataques. A advogada de Raquel, Shanisys Massuqueto, afirmou ao Estadão que não comentaria o caso com a imprensa.
A Polícia Federal continua as investigações para capturar os foragidos e concluir o inquérito.