“Para se ter uma ideia, em 2024 o município teve mais de sete mil casos confirmados. Este ano, já estamos em maio e ainda não chegamos a 500”, explica a secretária de Saúde, Aline Leal. Ela ressalta que a tendência é de que a situação se mantenha sob controle, mas reforça a necessidade de manter os cuidados preventivos. “Historicamente, o período mais crítico já passou e a chegada das temperaturas mais baixas deve contribuir para a redução dos casos. No entanto, ainda estamos em estado de alerta, e toda atenção deve ser mantida”, pontua.
Segundo Aline, os bons resultados são consequência de uma combinação de fatores. Desde janeiro, o município vem adotando medidas preventivas e de conscientização, além de ampliar os investimentos na área da saúde. A secretária destaca ainda a possível influência da chamada “imunidade de rebanho” – ou seja, pessoas que contraíram a doença em 2024 estão imunizadas contra ao menos um dos quatro sorotipos do vírus.
“Desde o início do ano, nosso trabalho tem sido intenso. O resultado desse planejamento e organização está refletido nos números”, afirmou.
Ações adotadas
Diversas ações foram realizadas pela Secretaria de Saúde, por meio da Vigilância Ambiental, desde o início do ano. Em janeiro, os Agentes Comunitários de Saúde (ACS) foram capacitados para atuar como multiplicadores de informação junto à comunidade. Também foram realizados os Levantamentos de Índice Rápido para o Aedes aegypti (LIRAa), para mapear áreas com maior presença do vetor e permitir ações rápidas nos locais mais críticos.
No dia 5 de fevereiro, foi instalada oficialmente a “Sala de Situação”, por meio de decreto, reunindo várias secretarias municipais. Essa comissão é responsável por monitorar os dados, discutir estratégias e definir as ações de enfrentamento à dengue.
Entre as ações práticas, o município realizou mutirões de combate ao mosquito em bairros específicos, mais de 150 aplicações de fumacê, e atividades de orientação direta à população, como a ação na Praça da Bíblia. Sempre que denúncias chegam ao setor, elas são prontamente verificadas pelas equipes da Vigilância Ambiental.
De acordo com o diretor da Vigilância Ambiental, David Cruz, mais de 45 mil visitas foram realizadas até abril, incluindo vistorias em domicílios, inspeções em imóveis próximos a casos suspeitos ou confirmados, além de visitas a armadilhas e pontos estratégicos.
Além das ações em campo, o município também intensificou a comunicação com moradores e turistas. Cartazes e folhetos – inclusive em espanhol e inglês – foram distribuídos em hotéis, no Posto de Informações Turísticas (PIT) e na rodoviária. O trabalho de conscientização também chegou às escolas, por meio do programa “Detetives da Dengue”, vinculado ao Programa Saúde na Escola (PSE).
Iniciativas pioneiras
Balneário Camboriú foi o primeiro município de Santa Catarina a adquirir o inseticida Fludora Co-Max, considerado um dos mais eficazes no combate ao Aedes aegypti, contribuindo para ampliar a capacidade de resposta nas ações de controle do mosquito.
Novo método
Além disso, o município foi selecionado pelo Ministério da Saúde, por meio da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), para a implantação do método Wolbachia. A técnica consiste na introdução da bactéria Wolbachia nos mosquitos Aedes aegypti. A bactéria impede que o vírus da dengue se desenvolva dentro do mosquito, o que contribui para a redução da transmissão. A previsão é de que os primeiros mosquitos com Wolbachia – chamados de “Wolbitos” – sejam soltos em Balneário Camboriú a partir de agosto.