Após 56 anos, verdade vem à tona: primeiro prefeito de Balneário Camboriú foi assassinado pela ditadura

Após 56 anos, a certidão de óbito do ex-prefeito de Balneário Camboriú, Higino João Pio, será corrigida para reconhecer que ele foi morto pela ditadura militar. Preso sem justificativa em 19 de fevereiro de 1969, Pio foi encontrado morto em uma cela da Marinha, em Florianópolis, no dia 3 de março. Na época, o caso foi registrado como suicídio, versão agora desmentida por investigações oficiais.

A prisão de Pio foi motivada por denúncias de corrupção feitas por vereadores da oposição, que nunca foram comprovadas. Apesar de inocentado pela Câmara de Vereadores, o caso foi enviado ao Serviço Nacional de Inteligência (SNI) e resultou em sua detenção. Relatórios da Comissão Estadual da Verdade apontam que sua morte foi forjada, com o corpo colocado em uma cena montada para simular suicídio.

A relação de Pio com o ex-presidente João Goulart e as disputas políticas da época são apontadas como razões para sua prisão e morte. Enquanto esteve sob custódia, ele chegou a ser hospitalizado por dores nos rins, mas retornou à cela, onde morreu dias depois. Sua esposa soube da morte pelo rádio, no mesmo dia em que tentava visitá-lo.

Agora, com a correção da certidão de óbito, a família busca uma indenização da União, e o caso se torna um marco na reparação histórica das vítimas da ditadura. A mudança ocorre em meio à repercussão do filme Ainda Estou Aqui, sobre a morte do ex-deputado Rubens Paiva, reforçando a importância de recontar essas histórias com base na verdade.

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