Operação no Sul de SC prende prefeito e vereadores; o estado totaliza 19 prefeitos presos por supostos atos de corrupção

Uma operação conduzida pela Polícia Civil de Santa Catarina, nesta terça-feira (16), resultou na prisão de quatro indivíduos suspeitos de desvios de recursos públicos em Urussanga, localizada no Sul do estado. Dentre os detidos estão o prefeito da cidade, Gustavo Cancellier (Progressistas), dois vereadores e um ex-servidor comissionado. A ação faz parte da segunda fase da operação Terra Nostra, realizada pela 2ª Delegacia de Combate à Corrupção da DEIC (2ª DECOR/DEIC).

Os vereadores Thiago Mutini (PP) e Beto Cabeludo (Republicanos) foram presos durante a operação. As investigações abordam crimes como organização criminosa, falsidade ideológica, uso indevido de recursos públicos e contratações diretas fora das normas legais.

De acordo com a Polícia Civil, “durante o inquérito policial, foi constatada a aquisição de dois imóveis com valores superfaturados, cujos fatos foram corroborados por análises periciais”. Além das prisões, foram cumpridos nove mandados de busca e apreensão e afastados quatro servidores de suas funções.

As penas para os crimes investigados podem totalizar até 33 anos de prisão. Os mandados foram autorizados pelo Tribunal de Justiça de Santa Catarina. Na primeira fase da operação, realizada no final de março, foram cumpridos mandados de busca e apreensão. Nesta etapa, também foram emitidos mandados de prisão preventiva.

Embora as operações conduzidas pelo Gaeco tenham nomes distintos, como Mensageiro, Limpeza Urbana, Travessia e Terra Nostra, o saldo é impactante para a sociedade catarinense, que se orgulha de sua ordem e aversão à corrupção: 19 prefeitos, um vice-prefeito e três vereadores foram presos, além de servidores públicos afastados e empresários detidos, em menos de dois anos, a partir de 8 de dezembro de 2022. Dentre esses detidos, apenas seis permanecem no cargo.

A lista de prefeitos presos em Santa Catarina é extensa, incluindo 16 mandatários, um vice-prefeito e um vereador na Operação Mensageiro, e três prefeitos nas operações Limpeza Urbana, Travessia e Terra Nostra, respectivamente. No último dia 10, o prefeito Ari Wollinger, conhecido como Ari Bagúio (PL), de Ponte Alta do Norte, renunciou ao cargo, deixando apenas cinco prefeitos presos desde 2022 ainda em seus mandatos, incluindo Gustavo Cancellier, de Urussanga. Na Operação Mensageiro, dos 16 prefeitos, um vice-prefeito e um vereador presos, somente três não perderam seus mandatos ou renunciaram.

Bagúio, que foi preso juntamente com dois filhos e um secretário em janeiro deste ano, durante a Operação Limpeza Urbana (desdobramento da Mensageiro), também foi investigado pelo Gaeco por suspeitas de irregularidades no contrato de limpeza urbana do município, localizado próximo a Curitibanos. Embora os filhos tenham obtido habeas corpus em março, o prefeito teve seu pedido negado pelo Superior Tribunal de Justiça na terça-feira (9).

O vice-prefeito Rubens Bernardo Schmitt (PP) assumiu o cargo em definitivo, tendo ocupado a posição desde a prisão de Bagúio, sendo investigado por associação criminosa, corrupção passiva e concussão.

Em 24 de janeiro deste ano, a Operação Travessia, também realizada pelo Gaeco, resultou na prisão do prefeito de Barra Velha, Douglas Elias Costa (PL), por outro esquema de corrupção. Costa é acusado de desviar recursos públicos destinados à construção de uma ponte na cidade.

O episódio gerou um fato curioso com efeitos em cascata: Douglas Elias foi afastado por até 180 dias do cargo pelo Tribunal de Justiça, dois dias após sua prisão, e o vice-prefeito Eduardo Peres (Republicanos) renunciou ao cargo. A presidência da Câmara de Vereadores, então, ficou a cargo de Daniel Pontes da Cunha (PSD), assumindo interinamente a prefeitura.

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