Avenida Santa Catarina: Obra inacabada se arrasta por anos em Camboriú

Uma das obras mais aguardadas de Camboriú está há mais de sete anos sem ser concluída, apesar de ter sido projetada para durar apenas 12 meses. Durante o primeiro ano do mandato do prefeito Élcio Kuhnen, o projeto da Avenida Santa Catarina foi apresentado aos camboriuenses. Na ocasião, o então secretário de Planejamento Urbano, Claudinei Loos, juntamente com o prefeito e o vice, Ramon Jacob, discutiram a obra que contemplava duas pistas de entrada, duas pistas de saída, bolsões de retorno, ciclovias, calçadas adequadas e toda a infraestrutura de drenagem e esgoto, com um financiamento de R$7,4 milhões da Caixa Econômica Federal.

Foto: Divulgação/LP

Mais de quatro anos depois, apenas algumas mudanças foram vistas entre o semáforo da Rua Leopoldo Leite e o semáforo de acesso a Balneário Camboriú. Neste trecho de aproximadamente 1,5 km, foram construídos um bolsão de retorno, uma ciclovia e calçadas. No entanto, se comparado ao projeto inicial, quase nada foi realizado e o restante continua inalterado.

O financiamento da Caixa deveria ter coberto a pavimentação, a sinalização e a implantação da rede coletora de esgoto da via, no entanto, algumas simples adequações em imprevistos como alteamento de pista em locais onde a água da chuva se acumulava, não foram bem executadas e previstas no projeto.

Desde o início, diversos problemas foram identificados no planejamento da obra, como a necessidade de desapropriação de terrenos, detonação de rochas, relocação de postes e a substituição da tubulação de drenagem danificada pelo tempo, o que provocou atrasos no andamento da obra.

Projeto dividido
As obras começaram em 2017 e foram divididas em três etapas. A primeira etapa, que compreendia a área desde a divisa com a cidade de Balneário Camboriú até o Portal Turístico, foi concluída no final de 2018. A segunda etapa, que ia do Portal Turístico até o semáforo da Rua Leopoldo Leite, foi finalizada no final de 2019. Do valor total contratado, mais de R$2,9 milhões foram gastos nesses dois trechos, restando na Caixa Econômica Federal aproximadamente 60% do valor do recurso. Além desse valor, a Prefeitura de Camboriú teve que alocar mais R$1.148.000,00 para obras e indenizações de desapropriações não previstas no projeto original.

“Terceiro trecho”
Em novembro de 2023, a prefeitura anunciou o início do terceiro trecho, que vai da Rua Leopoldo Leite até a rótula do Instituto Federal Catarinense, Campus Camboriú (IFC). O projeto prometia a implantação e adequação da drenagem pluvial, a retirada do asfalto existente e a aplicação de nova pavimentação asfáltica, ciclofaixa, faixas elevadas em pontos estratégicos e sinalização viária vertical e horizontal. Além disso, as obras incluiriam a requalificação da praça em frente à Central de Luto e um bolsão de retorno em frente ao Posto Irmãos da Estrada.

Nesta proposta, não estava incluída a duplicação da via, sendo prevista apenas uma requalificação. A licitação especificava que não haveria desapropriação ou alargamento da via; as pistas permaneceriam as mesmas, com a adição de calçadas e ciclovias.

De acordo com o anúncio da prefeitura, o custo estimado para essas obras era de mais de R$4,1 milhões, que seriam financiados com recursos próprios provenientes das outorgas onerosas do plano diretor.

As obras só começaram em março de 2024, e até setembro houve poucos avanços. A prefeitura chegou a anunciar a conclusão da drenagem pluvial no trecho entre a Central de Luto e a rótula do IFC e iniciou brevemente a construção das calçadas e da ciclovia. No entanto, o restante ainda precisa ser concluído.

No início de agosto, ao Jornalismo Menina, o engenheiro civil da empresa responsável informou que “o clima chuvoso tem sido um fator para atrasar ainda mais o progresso”, embora agosto tenha registrado menos chuvas do que o esperado. Ele também mencionou que a equipe é composta por 12 pessoas divididas em diferentes frentes, o que pode dar a impressão de que poucas pessoas estão trabalhando.

Foto: Divulgação/LP

Binário da Av. Santa Catarina
Em 2018, o Governo Federal deu o sinal verde para que o município desse continuidade ao projeto de construção da via que ligaria o Centro de Camboriú à Quinta Avenida de Balneário Camboriú. Foi liberado um financiamento a longo prazo de R$16 milhões pelo Programa Avançar Cidades – Mobilidade Urbana do Ministério das Cidades.

O prefeito Élcio chegou a afirmar que as obras começariam dentro de 12 meses.

Foto: Divulgação/LP

Quatro anos depois, em 2022, o governo municipal voltou a falar sobre o binário, e, desta vez, a Secretaria de Planejamento ainda falava sobre a conclusão do projeto, que só ficaria pronto no final daquele mesmo ano. A obra, na época, já estava avaliada em R$22 milhões.

Mais de um ano depois, em 2023, o Projeto de Lei para garantir o financiamento da Caixa para a construção do binário e outras obras foi colocado em votação na Câmara de Vereadores e aprovado no valor de R$60 milhões. No entanto, até o momento, não houve mais informações sobre o andamento do projeto.

Situação atual

Foto: Divulgação/LP

Até o momento, as obras na Avenida Santa Catarina estão paralisadas há vários dias. As últimas semanas foram marcadas por tensão e crises na administração, resultando em diversas exonerações, incluindo a da ex-secretária de Planejamento, Eloisa Chimurela.

Na terça-feira, 17, a prefeitura anunciou a nomeação de Marcela Vidal Eleutério, arquiteta, como a nova secretária de Planejamento Urbano. Em resposta a uma reclamação levantada durante a programação na Rádio Jovem Pan, a prefeitura informou que a nova secretária notificou a empresa responsável pelos serviços e convocou o proprietário para obter um posicionamento. A intenção é retomar o andamento das obras ainda nesta semana e garantir uma nova dinâmica para o projeto.

Reclamações
Nas redes sociais, as reclamações sobre as obras, o trânsito caótico e a precária mobilidade na Avenida Santa Catarina são frequentes entre os moradores que a utilizam diariamente.

Em uma postagem recente no perfil do Linha Popular, uma seguidora relatou um acidente envolvendo uma criança na ciclovia da avenida. Além disso, outros usuários destacaram problemas estruturais, como postes instalados no meio das calçadas, o que compromete as guias de acessibilidade para deficientes visuais.

Foto: Divulgação/redes sociais

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